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Banalização do Matrimônio: as Mensagens Ocultas no Filme “Simplesmente Acontece”


A aclamada comédia romântica “Simplesmente Acontece” é um exemplo claro de como um filme aparentemente inocente e sensível promove, em suas entrelinhas, a banalização do matrimônio. Aqui está uma análise deste produto feito pela elite.

Como sabemos, não é de hoje que bons princípios e valores não são bem-vindos em Hollywood. Este site aponta constantemente as mensagens ocultas nos filmes e séries da atualidade, que são, na maioria, voltados a atacar, desmoralizar e doutrinar os seus respectivos públicos. Tudo implicitamente retratado em suas narrativas, personagens e contextos.

Hoje, praticamente todas as produções distribuídas em serviços de streaming (Netflix, Prime Vídeo, etc.) propagam, ainda que de forma sutil e quase imperceptível, mensagens que atentam contra os princípios que construíram a civilização.

Estamos vivendo em meio a uma época em que muitas famílias estão sendo fragmentadas e o número de divórcios só aumenta. No Brasil, por exemplo, o número de divórcios cresceu mais de 160% na última década. E, sutilmente, filmes e séries estão sendo utilizados, cada vez mais para esvaziar o real sentido do casamento. “Simplesmente Acontece” não escapa disso.

Pela sinopse, o filme parece tratar de mais uma daquelas comédias românticas em que o “destino” se encarregará de unir dois amigos de infância.

Os jovens britânicos Rosie (Lily Collins) e Alex (Sam Claflin) são amigos inseparáveis desde a infância, experimentando juntos as dificuldades amorosas, familiares e escolares. Embora exista uma atração entre eles, os dois mantêm a amizade acima de tudo. Um dia, Alex decide aceitar um convite para estudar medicina em Harvard, nos Estados Unidos. A distância entre eles faz com que nasçam os primeiros segredos, enquanto cada um encontra outros namorados e namoradas. Mas o destino continua atraindo Rosie e Alex um ao outro

No entanto, o que chama à atenção foram as artimanhas do tal “destino” para unir o casal.

Filmes como esse aproveitam-se de uma técnica para plantar ideias semelhante à que é realizada em “A Origem”, um filme de 2010, dos gêneros ficção científica e ação, escrito, dirigido e produzido por Christopher Nolan.

Para facilitar o entendimento, antes de entrarmos em “Simplesmente Acontece”, vejamos por alto como isso é feito em “A Origem”.

“A Origem”

O filme é estrelado por Leonardo DiCaprio, Elliot Page e Joseph Gordon-Levitt, além de Marion Cotillard, Ken Watanabe, Tom Hardy, Cillian Murphy, Dileep Rao, Tom Berenger e Michael Caine. A história foca em um grupo especializado na extração de informações do inconsciente de outras pessoas através da invasão de seus sonhos, quando a mente está em seu estado mais vulnerável.

Dom Cobb (Leonardo DiCaprio) é o melhor de todos esses profissionais.

Ele é contratado por um executivo que, ao invés de extrair informações, deseja colocar uma nova ideia na mente de um de seus competidores. Ele quer que Robert Ficsher, herdeiro de uma empresa do setor de energia, dissolva o império criado pelo seu pai, evitando que a empresa se torne uma superpotência mundial.

Pôster de “A Origem”.

Dom Cobb e sua equipe utilizam quatro etapas para atingir o objetivo:

  1. Reduzir a ideia que deve ser plantada na mente à sua versão mais simples possível.
  2. Traduzir essa ideia para um conceito emocional, já que o inconsciente — onde a ideia deve ser plantada para crescer de forma imperceptível — é motivado por emoções, não por lógica.
  3. Arquitetar e construir os cenários dos sonhos, de forma a criar um contexto favorável para a adoção da nova ideia, permitindo que a mente receptora preencha esses espaços com conteúdo do seu próprio inconsciente.
  4. Plantar a ideia o mais próximo possível da camada mais profunda e suscetível da mente, o inconsciente, para que a mente receptora acredite que a ideia surgiu espontaneamente.

E o que diabos isso tem a ver com “Simplesmente Acontece” e a banalização do matrimônio? Tudo. Voltemos ao filme.

“Simplesmente Acontece”

O filme, desde o início, nos apresenta a sua tese: Rosie e Alex têm uma paixão de infância que deve, não importa o meio, ser consumada. Esta é a ideia que deve ser plantada na nossa mente em sua versão mais simples possível. O primeiro minuto do filme já se encarrega de traduzir a tese em um conceito emocional.

Como podemos ser contra a união de um amor tão belo de infância? Só um monstro seria!

Então a ideia vai sendo plantada de forma imperceptível. O espectador começa a ser motivado apenas por emoções, não por lógica.

Agora, o contexto favorável à adoção da nova ideia ganha um novo andar em sua construção. Rosie conhece Greg, o clássico galã musculoso e irresponsável. Eles se relacionam, Rosie engravida e Greg desaparece. Na mente do espectador, com razão, Greg não merece o amor de Rosie. Ao rejeitá-la e rejeitar a sua filha, ele se torna um inimigo.

Rosie, ao se perceber grávida e desamparada, conversa com a vendedora de uma farmácia. Ela diz pra Rosie abortar. No entanto, Rosie decide não abortar.

O contexto favorável à adoção da nova ideia segue sendo construído. Bethany, a loira bem-sucedida que na última metade do filme se casará com Alex, nos é mostrada como superficial, ainda que até aquele momento não tenha dado muitos indícios disso.

Em uma cena, o bebê de Rosie puxa o cabelo de Bethany até ela cair. Este simples ato já leva o espectador a encará-la também como uma “inimiga”.

Durante todo o filme, há cenas de quase beijo entre Rosie e Alex. O contexto leva o espectador a torcer para que eles se beijem. Mesmo as pessoas mais moralistas, aquelas que condenam o adultério, são levadas a ignorar que Alex já está com outra mulher há anos e a torcer para que eles consumem a traição.

Nas cenas de quase beijo, pouco importa se Rosie e Alex não consumam a traição. Fato é que muitos olhos já estavam brilhando, torcendo pelo beijo.

A primeira esposa de Alex então é apresentada: grávida, histérica e superficial.

Mais uma vez, o contexto favorece a adesão da ideia de que Alex e Rosie devem ficar juntos.

O pai da filha de Rosie volta, se diz arrependido e disposto a fazer diferente. Rosie o perdoa; mas o espectador, não. Quem assiste ao filme já foi condicionado a querer, a todo custo, que Rosie fique com Alex — ainda que o preço disso seja o fim do casamento dele.

Para que a consciência do espectador livre-se de alguma culpa por apoiar o divórcio de Alex sem uma “razão justa”, o filme se encarrega de mostrar que a esposa dele havia engravidado de um amante, o que deu a ele a retaguarda para se separar.

Bethany então reaparece. O filme não deixa dúvidas de que ela é extremamente superficial; uma rival. Mais à frente, Bethany se casará com Alex. O que muitos ignoram é que isso só aconteceu porque a própria Rosie incentivou o relacionamento. O casamento de Bethany e Alex foi uma consequência de uma decisão da própria Rosie.

Celebração do Divórcio

Para que Greg seja visto em definitivo como inimigo, três coisas acontecem:

Greg vai bêbado ao sepultamento do pai de Rosie.

Greg não mostra a Rosie uma carta que Alex havia enviado se declarando para ela.

Rosie descobre que seu marido estava lhe traindo.

Greg errou em mentir para Rosie dizendo que não havia carta? Errou! No entanto, qual marido se sentiria à vontade ao saber que uma paixão antiga se declarou, através de uma carta à sua cônjuge e enviou para o seu endereço, mesmo sabendo que ela estava casada?

No momento em que Rosie descobre a traição de seu marido, há uma invertida na trilha sonora, de melancólica para enérgica. Ela fica feliz, pois agora tem um “motivo” para se divorciar e consumar seu “amor” com Alex.

No entanto, Rosie descobre que Bethany e Alex se casaram. Ela então se declara para ele na festa do casamento.

Quando quem assiste ao filme se emociona com a declaração de amor que Rosie faz a Alex, mesmo ele já estando casado, uma conclusão é inevitável: a ideia plantada já ganhou força no cérebro do espectador, ele não consegue mais erradicá-la.

O espectador é levado, sem perceber, a submeter a sua moralidade às regras do filme.

O espectador é levado a ignorar que o casamento é um tesouro, uma grande vocação, uma missão divina e indissolúvel. O espectador é levado a negociar o valor inegociável do matrimônio.

Alex constrói um casamento baseado em estacas frágeis, sem as estacas sólidas da doação, da compreensão, da generosidade, da paciência, do ideal familiar e se separa de Bethany. E, claro, os espectadores são levados a vibrar com o divórcio.

No final, Rosie e Alex acabam por ficarem juntos.

O Verdadeiro Significado do Casamento

O matrimônio meteórico de Alex, ainda que não fosse a intenção do diretor do filme, nos mostra a essência de muitos matrimônios de hoje em dia: o egoísmo utilitarista arrebentou as boas cordas do seu coração. Ele foi incapaz de amar e de se doar para Bethany. Na visão retratada pelo filme, o casamento não passa de um papel assinado, de um simples contrato que pode ser rompido pelo mais bobos dos motivos.

Prova disso é a “razão sem razão” que levou Alex a se divorciar com Bethany.

Para Alex, o casamento não passa de uma solução ocasional, uma simples situação. Ele não encara o casamento com uma missão e/ou vocação. Ele não entende que casamento não se resume à questão de “dar certo”, mas de esquecer-se, de se doar pelo bem da pessoa com a qual você jurou amar e viver ao lado pelo resto da vida.

A verdade é que o casamento traz estabilidade para a estrutura familiar e para os filhos. Cada geração depende de uma forma de relação estável e firme entre os pais, e eles dos avós.

David Popenoe, sociólogo da Universidade de Rutgers, em Nova Jersey, explica:

A maioria das evidências das ciências sociais apoia a ideia de que a criação com progenitores diferentes é importante para o desenvolvimento humano e que a contribuição do pai para a criação é única e insubstituível. Temos que renunciar à ideia de que mães podem se tornar bons pais da mesma forma que temos que renunciar à noção de que pais podem se tornar boas mães. Os dois sexos são diferentes no seu âmago e cada um é necessário culturalmente para o bom desenvolvimento do ser humano

O discurso reproduzido abaixo é do ex-presidente dos EUA, Barack Obama:

Conhecemos as estatísticas, que filhos que crescem sem um pai têm cinco vezes mais probabilidade de abandonar a escola e vinte vezes mais chances de acabarem na prisão. Têm mais probabilidade de terem problemas de comportamento ou fugir de casa, ou se tornarem por si mesmos pais adolescentes. E os fundamentos da nossa comunidade estão mais fracos por causa disso

A função social do casamento é garantir a estabilidade da união entre os pais, visando o bom desenvolvimento dos filhos. Ele está intrinsecamente ligado à procriação, desenvolvimento e criação de novos seres humanos.

Conclusão

“Simplesmente Acontece”, por mais que tenha suas virtudes, não é a história de dois amigos que nasceram um para o outro; é a história de duas pessoas que esvaziaram o sentido do matrimônio para que, ao final, tivessem a sua consciência livre e pudessem ficar juntas. Ainda que a sua moralidade tivesse que ser relativizada para que isso acontecesse.

Atualmente, não são poucos os filmes e séries que banalizam o casamento. A grande maioria dos conteúdos assistidos pela juventude contém personagens diferentes, mas as mesmas histórias: casamento como algo ruim, divórcio como uma saída e o amante como um par perfeito. Isto tudo não é ficção. É real. Acontece com inúmeras famílias e eles querem que você ache normal.

Casamento não é uma situação; é uma missão. É, como diria Chesterton, um duelo mortal que nenhum homem honrado deve rejeitar. Por mais que eles tentem empurrar o contrário, alguns fatos permanecem: o fim de um casamento não é normal; o divórcio não é normal; a infidelidade não é normal; ser contra a família não é normal; ser contra Deus não é normal.



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Fonte: Danilo Cavalcante

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