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Estudo do Apocalipse - Parte 1 - Eu Sou o Alfa e o Ômega


O livro do Apocalipse é a obra mais enigmática e codificada da Bíblia Sagrada. Por isso, há inúmeras vertentes de interpretações que, para um leitor inicial do livro, se tornam confusas. Nesta série de artigos, o Apocalipse será abordado versículo por versículo, sempre com a ótica bíblica-racional.

Ler o livro do Apocalipse é uma tarefa fácil, mas interpretá-la já é um pouco mais difícil. Digamos que muito difícil. Concluo isso pela visível complexidade que a obra carrega e também porque, quando eu era criança, os únicos versículos que entendia eram os que falavam da marca da besta. Eu os sabia simplesmente porque este trecho é um dos mais compartilhados e comentados do mundo escatológico.

E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome
— Apocalipse 13:16-17

Como você provavelmente não deve mais ter 8 anos de idade, está na hora de se perguntar o que vem antes desta tal marca da besta. Afinal, ela não é o elemento mais importante do livro. Ele carrega um simbolismo único que revela os últimos anos da Terra. Além disso, seria necessário uma série de fatores para que a marca de alguém fosse posta sobre todas as pessoas. Provavelmente muita lavagem cerebral.

Para isto, o Apocalipse narra a trajetória cronológica de acontecimentos inéditos e que, por incrível que pareça, já estão dando seus sinais na atualidade.

Primeiro, entendamos por quem, para quem e o contexto geral em que foi escrito o livro do Apocalipse.

Revelação de Jesus Cristo

O livro do Apocalipse foi escrito pelo apóstolo João na ilha de Patmos, no mar Egeu. Considera-se que ele estivesse exilado, vítima de um período de perseguição aos cristãos durante o Império Romano. Adela Collins, uma teóloga na Universidade de Notre Dame, escreveu:

A tradição mais primitiva afirma que João foi exilado para Patmos pelas autoridades romanas. Esta tradição é crível por que o exílio era uma punição comum durante o período imperial para diversos tipos de ofensas. Entre elas estavam a prática da magia e da astrologia. A profecia era vista pelos romanos como estando nesta mesma categoria, seja ela pagã, judaica ou cristã. A profecia com implicações políticas, como a expressada no Apocalipse, seria percebida como uma ameaça à ordem e ao poder político romano
— Adela Collins, Verbete Patmos, no Harper's Bible Dictionary

Sabe-se também que João estava exilado pois o Império Romano estava perdendo adeptos ao politeísmo de Roma para o monoteísmo do Cristianismo. Segundo a tradição, por estes mesmos motivos, antes de sofrer o exílio, João foi lançado dentro de um caldeirão de óleo fervente. No entanto, Deus, miraculosamente, preservou sua vida e ele não sofreu nenhum dano. Diante do milagre e em um claro momento de desespero, o imperador decretou que João fosse exilado.

Mesmo que o autor do livro seja João, um apóstolo de Cristo, seu contexto geral e inspiração são completamente divinas. Durante a leitura, teremos várias falas do Senhor Jesus, através da escrita de João. Isto não retira a credibilidade da Escritura, pelo contrário, mostra que a humanidade faz parte dos planos de Deus, principalmente o plano de Salvação.

O livro foi escrito para sete igrejas da Ásia. Por isso, é dito que João teve que codificar grande parte do Apocalipse, pois se algum trecho chegasse nas mãos do Império Romano, seria imediatamente reportado como uma ameaça à Roma. Provavelmente as Escrituras chegaram até o conhecimento do imperador, mas pela sua linguagem codificada, ele deve ter achado que João já estava ficando louco naquela Ilha e não restringiu as cartas.

Apesar de ter sido escrito originalmente para sete igrejas da Ásia, Deus preservou este livro na Bíblia que temos hoje, o que o torna escrito para cada um de nós também. Não creio que o Apocalipse está disponível apenas para a humanidade dar uma “espiada” nas cartas. Elas são um alerta diretamente para eu e você.

Prefácio

O prefácio do livro do Apocalipse inicia com as seguintes palavras:

Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo; o qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que tem visto
— Apocalipse 1:1-2

No primeiro versículo do Apocalipse, é nos deixado bem claro que estamos adentrando em uma revelação do próprio Senhor Jesus Cristo, e não uma escritura com inspiração e achismos humanos. Além disso, é dito que tal revelação serve  para mostrar aos servos de Deus acontecimentos de um tempo próximo. Você já deu uma olhada no que significa a palavra “brevemente”?

Em pouco tempo, em breve; daqui a pouco (tempo); LOGO
— Dicionário Aulete

Bem, se o Senhor Jesus diz que algo está para acontecer “brevemente”, deveríamos acreditar.

O versículo que finaliza o prefácio nos dá mais um entendimento da importância deste livro:

Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo
— Apocalipse 1:3

Mais uma vez, somos avisados que o tempo está próximo. Você deveria acreditar nisso. Agora, antes disso, uma bem-aventurança que não foi falada no Sermão da Montanha está presente no último livro da Bíblia. Note que é uma bênção reservada para aqueles que lêem, estudam e guardam consigo as palavras do Apocalipse.

Um detalhe interessante é que a bem-aventurança não é para aqueles que apenas lêem ou ouvem, mas sim que também guardam a Palavra. O maior erro daqueles habituados no meio religioso é ler a Bíblia, ouvi-la na Igreja mas não guardá-la e muito menos praticá-la. Por isso, muitos se frustram por não terem avanço na vida espiritual e o diagnóstico é o mesmo: falta de guardar a Palavra.

Dedicação

Então, João introduz a sua dedicatória para as igrejas da Ásia.

João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do seu trono; e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém
— Apocalipse 1:4-6

Antes que você se pergunte desesperadamente quem são estes sete espíritos diante do trono de Deus, respire fundo e continue a leitura. Em alguns artigos mais à frente, este simbolismo constante será explicado.

Assim como um documento precisa de uma testemunha superior para ser minimamente validado, os versículos acima deixam claro que a testemunha fiel é o Senhor Jesus. Considerando que Ele é o “primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra”, não poderia existir testemunha superior do que esta, tampouco validação maior do que esta.

As últimas linhas destes versículos citam o amor de Deus para conosco, e nos lembram mais uma vez o Seu Filho derramou o próprio sangue para nos lavar de nossos pecados. Além disso, também nos deu o privilégio de podermos ser “reis e sacerdotes para Deus”. Então, em apenas algumas frases, o Senhor deixa claro que podemos ser livres da prática do pecado e também ser promovidos a servos diretos dAquele que nos libertou e salvou.

O próximo versículo é extremamente poderoso, pois nos dá alguns pequenos (mas relevantes) detalhes da volta do Senhor Jesus.

Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém
— Apocalipse 1:7

Sobre a volta de Cristo, temos uma certeza: Ele virá com as nuvens. Além disso, todas as pessoas, sem exceção, O verão (incluído aqueles que O traspassaram, ou seja, aqueles que o crucificaram na Cruz ressuscitarão para vê-Lo voltando).

Uma pergunta que pode ser feita é: por que as tribos (ou seja, povos) da terra se lamentarão sobre Ele? Bem, na verdade, a resposta é bastante sombria. O Senhor Jesus virá como Juiz e os povos referidos neste versículo são todas as pessoas que não viveram uma vida de acordo com a Sua Palavra e que, infelizmente, irão se arrepender apenas quando virem Cristo voltando com as nuvens.

Isto nos leva à uma reflexão pois, pela maneira que João se referiu, muitas pessoas se lamentarão sobre o Senhor Jesus. No período em que estamos, temos a oportunidade de negar o pecado e viver uma vida com Deus, pagando o preço diário de lutar contra si mesmo. Mas afinal, temos feito isto? Ou estaremos entre aqueles que passou a vida ouvindo sobre esses assuntos mas só se arrependerá quando estiver diante do Juiz?

O próximo versículo marca a primeira frase do Senhor Jesus no livro do Apocalipse:

Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso
— Apocalipse 1:8

Alfa e Ômega são a primeira e a última letra do alfabeto grego, linguagem na qual o livro foi escrito. Portanto, em Sua primeira fala no Apocalipse, o Senhor Jesus deixa estabelecido que Ele é o Princípio e o Fim, o Primeiro e o Último. Em outras palavras: Eu sou o Deus Eterno e Imutável.

Continua...


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