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A Máquina por Trás do Fenômeno Aymeê Rocha


Uma jovem cantora repentinamente teve todos os olhares do Brasil virados para ela por causa da mídia de massa. E o reality show que ela estava obteve uma audiência massiva por causa da mídia de massa. E as pessoas mais uma vez ficaram divididas entre direita e esquerda por causa da... mídia de massa. Aqui está uma olhada na máquina que impulsionou Aymeê Rocha à uma carreira promissora.

Eu costumo evitar escrever sobre artistas do mundo gospel, pelo simples fato de que muitos confundiriam uma análise com um chamado de “caça às bruxas” e linchamento virtual. Basta pesquisar sobre “mensagens subliminares no gospel” e você verá vídeos e comentários de pessoas particularmente odiosas com o artista, não exatamente com as mensagens que o mesmo propaga.

Embora um artista usar o véu de “louvor a Deus” para promover agendas seja digno de raiva, temos que olhar as coisas como elas são na realidade. A diferença entre a massa ignorante e os “iniciados” é justamente ir além do que está sendo apresentado pela mídia de massa e entender as agendas subjacentes que estão sendo promovidas.

Dito isto, uma cantora e compositora gospel chamada Aymeê Rocha viralizou ao apresentar uma música autoral durante a semifinal do programa Dom Reality, um programa de competição musical entre artistas do mundo gospel. A música ficou mais conhecida por criticar instituições religiosas e é apropriadamente intitulada “Evangelho de Fariseus”.

Antes de prosseguir, preciso salientar que não sou um teólogo nem um aspirante a teólogo. Nunca estudei sobre teologia, exceto o que está disponível na Internet ou é de conhecimento geral. Estou longe de estar qualificado para fazer uma análise teológica da música, então não o farei.

Minha área de especialização é a mídia de massa e sua relação com o poder. Portanto, posso afirmar que a máquina da mídia promoveu Aymeê repentinamente porque sua música atende às agendas mais eficazes de enfraquecimento de uma nação: a divisão.

Embora Aymeê possa muito bem se preocupar genuinamente com o caminho que algumas Igrejas brasileiras estejam trilhando, sua canção ironicamente resultou em mais divergências. Aproveitando que estamos abordando sobre música gospel, o próprio Jesus falou sobre a antiga tática de guerra “dividir para conquistar”:

Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá
– Mateus 12:25

A prova de que Aymeê foi artificialmente levantada é o desconhecimento geral da vencedora do Dom Reality: Nivea Izabella. Você provavelmente não a conhece, pois a mídia de massa não achou necessário dar o seu reconhecimento de vencedora. Até mesmo os comentários na live da final do reality eram todos sobre Aymeê. Porque a mídia de massa já tinha escolhido sua favorita.

Aqui está uma olhada no fenômeno Aymeê.

“Evangelho de Fariseus”

Aymeê Rocha na semifinal do Dom Reality.

Em 8 de janeiro, a jovem cantora paraense Aymeê Rocha participou do primeiro episódio do Dom Reality. No entanto, ela ficou mais conhecida apenas na semifinal, quando cantou a música intitulada “Evangelho de Fariseus”. O título já é simbólico por si só. Ao escrever uma canção supostamente criticando “fariseus” – um termo pejorativo para líderes religiosos que enganam seus fiéis –, é aberto uma brecha onde o autor da música pode colocar todos os tipos de mensagens. No final, quem discordar será automaticamente associado aos “fariseus”.

Dito isto, aqui está o primeiro verso:

Fazemos campanhas pra nós mesmos
Eventos pra nós mesmos
Estocamos o maná para nós
Oramos por nós e pelos nossos
O Reino virou negócio
O dízimo importa mais do que os corações

As linhas “Fazemos campanhas pra nós mesmos, eventos pra nós mesmos” referem-se às reuniões e congressos feitos por algumas Igrejas. Se ela estava se dirigindo à alguma instituição específica, eu desconheço. O que sei é que ela está cantando essas exatas palavras no que eu chamaria de um “evento para eles mesmos”.

O Dom Reality 2024 foi realizado na Igreja Lagoinha Niterói, no Rio de Janeiro. Os jurados são todos nomes influentes e experientes no cenário gospel brasileiro.

Outra linha contraditória (quase hipócrita) é “O Reino virou negócio”. Não existe algo mais “negócio” do que participar de um reality show gospel para se tornar um nome conhecido aos executivos de gravadoras milionárias.

O próximo verso traz uma denúncia sobre tráfico sexual infantil, o que causou um alvoroço na mídia de massa:

Ah, um Evangelho de fariseus
Cada um escolhe os seus
E se inflamam na bolha do sistema
Ah, enquanto isso, no Marajó
O João desapareceu
Esperando os ceifeiros da grande seara

Em primeiro lugar, Aymeê parece associar instituições religiosas ao tráfico infantil. Isso é estranho. Em segundo lugar, a pedofilia na Ilha de Marajó já foi denunciada pela senadora Damares Alves, mas tentaram silenciá-la. Na época era uma teoria da conspiração, um fato infundado, uma campanha política. Quase toda a classe artística foi contra o que foi exposto, por ser absurdo e irreal.

A apresentadora Xuxa Meneghel chegou a publicou em suas redes sociais um abaixo-assinado que buscava cassar o mandato de Damares antes de sua posse.

Em 2020, o programa “Abrace Marajó” foi criado por Damares, mas três anos depois foi revogado.

O governo Lula disse que o “Abrace Marajó” é alvo de diversas denúncias e, por isso, foi necessária a sua revogação. O colegiado da Câmara teria recebido reclamações sobre o programa desde 2022.

Então, é 2024. Aymeê Rocha canta sobre tráfico sexual infantil em Marajó. E, repentinamente, ocorreu uma coordenação de grandes influenciadores, como se eles tivessem recebido um “briefing” de cima, um “folder” com imagens prontas e uma matéria sobre a exploração em Marajó.

Stories no Instagram do ator Carlinhos Maia e da empresária Gkay.

Stories de cantor MC Daniel e do artista Rico Melquiades.

Stories de outros escravos da indústria, como a cantora Juliette e a celebridade Larissa Tomásia.

Será que todos estavam divulgando organicamente a música de Aymeê, que foi cantada em um programa que provavelmente esses influenciadores sequer assistem? A viralidade atualmente é controlada.

Dito isto, ao observar os acontecimentos em torno da denúncia na música de Aymeê, logo me veio à mente uma expressão: “Revelação do Método”. Originário de antigos textos Rosacruzes, este conceito obscuro refere-se ao processo de expor as massas a realidades sombrias (muitas vezes de maneira velada e dissimulada) para obter aceitação implícita.

Alguns ocultistas comparam este processo com a “Grande Obra” alquímica onde o mundo é “transmutado” de acordo com a vontade da elite oculta. Enquanto, no passado, a elite operava em total sigilo, agora procura operar à vista de todos.

O próximo verso da música consegue atingir níveis simbólicos mais elevados:

A Amazônia queima
La-ra-ra
Uma criança morre
La-ra-ra
Os animais se vão
La-ra-ra
Superaquecidos pelo ego dos irmãos

Mais uma vez, ela tenta de uma forma muito distorcida associar a Igreja ao abuso e morte de crianças. Ela também cita os incêndios florestais na Amazônia. Esta é outra denúncia da qual artistas e celebridades se mobilizam, mas apenas quando é favorável à agenda.

A principal foto viralizada para denunciar as queimadas na Amazônia em 2019 e 2020 mostrava um filhote de macaco morto por asfixia nos braços de uma mãe desesperada. No entanto, essa imagem na verdade é do fotógrafo Avinash Lodhi, e foi tirada em Jabalpur, na Índia, em 2017, e não tem relação com a Amazônia.

Celebridades como Madonna, Cristiano Ronaldo, Maradona e Leonardo diCaprio compartilharam fotos de uma floresta com enormes chamas e pediram ajuda a seus fãs e instituições internacionais, criticando as ações do governo brasileiro. No entanto, essas fotos também eram falsas.

Até Emmanuel Macron – o líder da França que defendeu uma pintura que retratava graficamente uma criança sendo estuprada – referiu-se à Amazônia como “nossa casa” e ameaçou penalizar o país pelos incêndios numa tentativa de vetar acordos econômicos entre a União Europeia e o G7 com o Brasil. Mais uma vez, a foto era falsa.

Em 2023, as coisas pioraram, o que fez algo nunca visto acontecer: a fumaça das queimadas encobriu Manaus. Apesar disso, não houve comoção ou revolta internacional.

O Amazonas declarou emergência ambiental devido aos incêndios que atingiram o estado. A capital chegou a ficar em segundo lugar no ranking das cidades com pior qualidade do ar.

Em 2024, Aymeê Rocha associa instituições religiosas às queimadas.

O próximo verso da música entra em um aspecto que muitos consideraram blasfemo:

Estamos apodrecendo o corpo de Cristo
O sangue não tá circulando
O sangue tá coagulando
Estamos no ápice da nova era
E a falsa Noiva se rebela
Contra o Noivo que espera ver um caráter cristão

Nessas linhas, Aymeê diz que “estamos apodrecendo o corpo de Cristo”, o que levantou alguns questionamentos entre teólogos. Enquanto alguns dizem que essa é uma óbvia metáfora à Igreja abandonando os ensinos de Jesus e tomando para si outras doutrinas, outros afirmam que a colocação é blasfêmia, pois o “corpo de Cristo” é santo e imutável, logo não pode ser “apodrecido”.

Apropriadamente, no mesmo verso, é dito que “estamos no ápice da nova era”. Logo depois, ela continua com metáforas mal colocadas sobre “falsa Noiva”. Arrisco dizer que este termo não existe na Bíblia. Que seja, uma coisa é certa: tudo o que aconteceu após essa música ser cantada foi completamente falso e nada orgânico.

No Final, é Tudo Sobre Direita e Esquerda

Se a intenção de Aymeê era alertar a Igreja e fazê-la mudar de direção, não deu certo. Na verdade, o efeito foi completamente oposto. A Internet foi inundada por postagens acusando Aymeê de ser de esquerda e defender pautas progressistas. Por outro lado (ou seja, no X), Aymeê foi acusada de ser de “extrema-direita” e usar o caso Marajó para enriquecer Igrejas que fazem missões por lá.

Em meio à polêmica, Aymeê publicou uma foto em sua conta no Instagram com o pastor Lucas Hayashi, líder da Zion Church.

Um dos comentários mais curtidos pergunta: “Qual é o posicionamento político dessa jovem?”. É tudo sobre direita e esquerda.

A Zion Church é liderada por Junia e Teófilo Hayashi. Ambos participam do Fórum Evangélico Nacional de atuação política desde 2014. Há alguns anos, a mídia de massa tem associado estes dois pastores ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ironicamente, Bolsonaro e Damares participaram do The Send, um movimento cristão multicultural e paraeclesial com foco em estudantes universitários e adolescentes fundado por Teófilo Hayashi.

Uma manchete da Revista Fórum.

Este mesmo evento tem ligações com os grupos de missionários JOCUM e Atini, sendo a última fundada por Damares. Postagens feitas pela senadora ainda indicam que, desde o início, o projeto “Abrace Marajó” esteve ligado às “missões” da Zion Church.

Print de uma publicação de Damares em 2022.

Todos esses fatos levemente distintos foram unidos em diversas postagens de pessoas influentes no cenário da comunicação digital, como o ativista Ale Santos. Foi o suficiente para a mesma guerra de sempre acontecer: associar Aymeê à um viés político que ainda não está muito claro. E a verdade é que isso realmente pouco importa. A música “Evangelho de Fariseus” sequer fala sobre algum aspecto político.

A mídia de massa (e seus fantoches) sabe que a divisão é benéfica para eles, pois uma sociedade quebrada ao meio e cheia de ódio é mais fácil de controlar. Ao invés de focar em resgatar as crianças abusadas em Marajó, a direita tenta convencer a esquerda da veracidade da denúncia e a esquerda odeia ainda mais a Igreja por enriquecerem às custas de uma “teoria da conspiração”.

Enquanto isso, Aymeê Rocha provavelmente será contratada por alguma gravadora gospel superfaturada e ganhará milhões de reais daqui há alguns meses.

Conclusão

Olhar para a máquina por trás de Aymeê Rocha é uma tarefa difícil, pois estamos em um país que é constantemente bombardeado com falsos eventos “orgânicos”. A mídia de massa e os principais artistas globais voltando seus olhos para o que, antes, era uma “teoria da conspiração” é a maior prova de que a denúncia de tráfico sexual infantil da música “Evangelho de Fariseus” foi permitida viralizar, mas sem causar danos reais.

Além disso, Aymeê basicamente critica os grandes eventos enquanto está em um grande evento; critica os negócios enquanto está inserida em um negócio; critica a bolha do sistema enquanto busca contratos milionários com a indústria musical gospel. Quando o louvor a Deus passou a ser substituído pela sinalização de virtude?

Por fim, as massas acabam divididas em uma guerra entre direita e esquerda, porque absolutamente tudo precisa ser politizado pela mídia de massa e seus porta-vozes. Daqui há alguns meses, ninguém mais se lembrará das crianças de Marajó, porque elas não serão mais úteis para a mídia de massa.

E, se voltarem a ser úteis, teremos novamente direita versus esquerda.


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