
A série “Reis” é mais do que uma sequência de eventos históricos: é um retrato simbólico das forças espirituais e morais que moldam o destino de uma nação. Cada rei representa uma escolha entre fidelidade e rebelião, verdade e mentira, humildade e orgulho.
Atenção: spoilers bíblicos a seguir!
Gosto muito de filmes e séries baseados em fatos históricos. Sempre que os assisto, costumo compará-los com registros e fontes confiáveis, ciente de que se trata de narrativas, onde certos eventos são adaptados ou romantizados.
“Reis” é um ótimo exemplo disso. A série consegue equilibrar a fidelidade aos textos bíblicos com elementos dramáticos envolventes. Sua narrativa é encantadora e decepcionante – não pela qualidade, mas porque mostra que, ao longo da história, a humanidade sempre demonstrou traços de egoísmo, maldade e orgulho.
Um dos méritos da série é justamente tornar a história bíblica compreensível. Mesmo com algumas cenas e momentos que não estão diretamente nas Escrituras, esses acréscimos são cativantes e bem pensados. Os produtores foram habilidosos em criar situações que fazem o espectador se sentir parte da cena.
É claro que muitos se incomodaram com as liberdades criativas tomadas pela produção ao lidar com os reis de Israel e Judá – personagens e histórias centrais para a tradição judaico-cristã. No entanto, as mensagens inseridas na trama são repletas de lições de fé.
Em meio a tantas séries repletas de mensagens tóxicas e apelos superficiais, confesso que é uma alegria ver produções bíblicas como “Reis” ganhando espaço. É reconfortante perceber que ainda existem aqueles que investem em conteúdo com propósito.
Depois de assistir à série, decidi condensar as histórias dos oito personagens principais.
Saul: o Rejeitado

O primeiro rei de Israel foi Saul. Essa escolha não foi por acaso, nem um privilégio vazio. Deus o levantou com um propósito claro: ser um instrumento em Suas mãos para guiar o povo, promover a justiça e liderar com sabedoria. Seu reinado começou com esperança e autoridade. Quando foi desprezado por homens perversos, Saul demonstrou maturidade ao ignorar suas provocações.
Quantas vezes ouvimos que não somos capazes, que não temos talento ou que nunca alcançaremos certos objetivos?
No entanto, a jornada de Saul tomou um rumo perigoso. Embora fosse rei, não era sacerdote. Mesmo assim, diante do medo e da impaciência, decidiu oferecer sacrifícios apropriados apenas para o profeta Samuel. Em um ato irrefletido, usurpou uma função sagrada e violou a Lei de Deus.
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Saul também fez votos precipitados, como forçar o povo a jejuar no meio da batalha, e quase causou a morte de seu próprio filho, Jônatas, por comer um pouco de mel. |
O coração de Saul se afastava cada vez mais de Deus. Ao poupar Agague, rei dos amalequitas, ele desobedeceu diretamente à ordem de Deus. Foi naquele momento que Deus o rejeitou como rei. Saul não entendia que a obediência era tudo o que se exigia dele. Preferiu agir de acordo com sua própria vontade, e esse orgulho foi o início de sua ruína.
O profeta Samuel ficou triste com a rejeição de Saul, mas entendeu que precisava seguir em frente, pois Deus já havia escolhido outro: Davi, um homem segundo o Seu coração.
A partir daquele momento, a inveja começou a consumir Saul.
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Saul alimentou esse sentimento até a insanidade, a ponto de ordenar a morte de todos os sacerdotes de Deus, um sinal claro de que ele não conseguia mais discernir o certo do errado. |
Mesmo após ser rejeitado, Saul não aceitou perder sua posição. Imaginava que Deus ainda estava com ele, mas Seu Espírito já o havia deixado. Em seu desespero, tentou consultá-Lo, mas não obteve resposta. Se tivesse se arrependido de verdade, Ele o teria ouvido. Contudo, em vez de se humilhar, recorreu a uma médium, prática explicitamente condenada pela Lei de Deus:
Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos
– Deuteronômio 18:10-11
Saul reinou por quarenta anos, mas seu legado foi manchado pela desobediência e pela falta de um relacionamento verdadeiro com Deus. Ele tinha tudo o que precisava para ter sucesso: um chamado, autoridade, o apoio do povo e a unção divina. No entanto, ele escolheu se afastar, dar ouvidos às suas emoções e desejos acima da vontade de Deus. Por causa disso, ele fracassou como rei, foi humilhado como homem e perdeu o que jamais deveria ter perdido: a presença de Deus.
A história de Saul nos ensina que um bom começo não garante um bom final. O que sustenta uma jornada com Deus não é cargo, posição ou fama. É obediência contínua, humildade diante da correção e confiança sincera nEle.
Davi: o Escolhido

Davi é uma das figuras mais fascinantes e complexas da história bíblica. Por muitos anos, ele foi injustamente perseguido por Saul, mesmo depois de ter sido ungido por Deus para sucedê-lo. Durante esse período de fuga, ele enfrentou dificuldades, humilhações e inúmeras provações. No entanto, nunca permitiu que o ressentimento contaminasse seu coração. Davi teve várias oportunidades de tirar a vida de Saul, mas se recusou a tocar no ungido de Deus. Ele esperou pela promessa, sim — mas não à força ou às pressas.
Sua conduta nos ensina sobre a grandeza do perdão. Vivemos em uma sociedade onde o desejo de vingança é exaltado e o ressentimento se torna um fardo silencioso. No entanto, Davi quebra esse ciclo ao escolher honrar até mesmo aqueles que o perseguiram. O perdão é a chave que liberta o ofendido, não o ofensor.
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Quando Saul morreu, Davi não comemorou sua queda. Ele nem sequer se aproveitou da fragilidade da casa de Saul para assumir o trono. |
Davi recusou-se a tomar posse do reino à custa da morte de Isbosete, filho de Saul. Ele sabia que a promessa divina não precisava de interferência humana. Sua confiança no tempo de Deus era maior do que sua sede de poder.
Davi não era apenas um guerreiro ou um governante. Ele também era um adorador. Quando percebeu que estava vivendo em um palácio luxuoso enquanto a Arca da Aliança (símbolo da presença de Deus) permanecia sob as cortinas, ele quis construir um Templo. Deus, embora não o tivesse pedido, ficou satisfeito com o desejo de Davi.
No entanto, mesmo os maiores homens de Deus são suscetíveis à queda.
Um dia, distraído e ocioso, Davi permaneceu no palácio quando deveria estar em batalha. Do alto do terraço, ele viu Bate-Seba, uma mulher comprometida. O desejo, alimentado em silêncio, rapidamente o levou ao adultério.
Para encobrir esse pecado, Davi cometeu outro: mandou matar Urias, seu fiel soldado e marido de Bate-Seba. Ele estava enganado ao pensar que tudo estava resolvido.
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Foi preciso que Deus enviasse o profeta Natã para despertá-lo. Só então Davi reconheceu sua iniquidade. |
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Seu arrependimento foi profundo e sincero, mas as consequências do pecado o seguiram. |
Uma das consequências foi o desequilíbrio em seu próprio lar. O drama de Tamar, filha de Davi, que foi estuprada por seu meio-irmão Amnom, é um reflexo doloroso das tragédias que surgem quando os princípios de Deus são desrespeitados. Absalão, irmão de Tamar, reagiu com ódio, frieza e vingança.
Absalão era belo por fora, mas podre por dentro. Seu coração estava cheio de ambição e desejo de usurpar o trono. E o fez com hipocrisia, enganando o próprio pai. Um beijo falso, como o beijo de Judas em Jesus. A dor de Davi, ao saber que seu filho o queria morto, foi indescritível.
Mesmo assim, Deus não abandonou Davi. Ele colheu o que plantou, sim, mas permaneceu firme em sua fé. Quando velho, aconselhou seu sucessor a seguir os caminhos de Deus.
Salomão: o Sucessor

Salomão iniciou sua jornada como rei de Israel com um gesto de rara humildade. Ao assumir o trono deixado por seu pai, Davi, reconheceu que era jovem e inexperiente, incapaz de governar sozinho um povo tão grande. Em vez de implorar por riquezas, vitórias ou poder, clamou por sabedoria.
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Deus ficou tão satisfeito com esse pedido que não apenas lhe concedeu sabedoria incomparável, mas também riquezas e honra que superavam as de qualquer outro rei na Terra. |
A fama de Salomão cruzou fronteiras.
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Reis e nobres de terras distantes viajavam até Jerusalém só para ouvir sua sabedoria. |
Salomão construiu o Templo de Deus com o mais alto padrão de excelência. A construção levou sete anos, utilizando os melhores materiais e artesãos. O Templo, além de ser uma joia arquitetônica, representava um poderoso símbolo espiritual: o lugar onde o povo se reunia em unidade para adorar a Deus. Na entrada do pórtico, Salomão ergueu duas colunas imponentes: Jaquim e Boaz.
Hoje, esses dois pilares são encontrados no simbolismo maçônico. Diz-se que a reconstrução do Templo de Salomão em Israel inaugurará uma nova era – uma nova ordem mundial.
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A carta de tarô da Alta Sacerdotisa apresenta os pilares Boaz e Jaquim. |
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Uma gravura maçônica típica representando um iniciado passando pelos pilares gêmeos Jaquim e Boaz. |
O mesmo homem que construiu uma casa para Deus acabou abrindo espaço em seu coração para outros deuses. Contra a advertência de Deus, Salomão casou-se com mulheres estrangeiras.
Com o tempo, ele não apenas tolerou as práticas pagãs de suas esposas, como também participou delas. Construiu altares para deuses estranhos, adorou imagens e se prostrou diante de ídolos. Essa queda espiritual é vista por alguns estudiosos do ocultismo como o ponto em que Salomão se envolveu em práticas mágicas e na invocação de espíritos.
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O Selo Hermético de Salomão retrata visualmente o conceito de “Assim Acima, Como Abaixo”. Ele representa energias opostas se espelhando para alcançar o equilíbrio perfeito, o que leva à magia. |
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O selo de Salomão. Dentro dele: um hexágono. Esta estrela de seis pontas é amplamente utilizada nas artes ocultas, servindo tanto como um talismã de proteção quanto como um instrumento para invocar entidades espirituais e manipular energias invisíveis. |
Não é por acaso que Salomão é reverenciado até hoje em diversas sociedades secretas. No entanto, o fim da vida de Salomão revela um homem que voltou seus olhos para a eternidade. Em seu livro mais profundo, Eclesiastes, o rei se expõe. Ele reflete sinceramente sobre tudo o que vivenciou e chega à conclusão de que tudo sem Deus é vaidade. Futilidade. Uma corrida atrás do vento.
Ali, vemos um Salomão diferente: não o jovem rei brilhante, nem o homem seduzido pelas paixões e pelo poder, mas um rei quebrado que reconhece o erro de ter se afastado de Deus. Seu veredito final é simples e eterno:
De tudo o que se tem ouvido, o fim é: teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem
A história de Salomão nos ensina que nem todo conhecimento salva. Nem toda sabedoria humana salva da queda. A verdadeira sabedoria reside em reconhecer os limites do próprio coração e permanecer fiel a Deus. Salomão tinha tudo e quase perdeu o mais importante.
Roboão: o Despreparado

A continuação do reino de Salomão dependia de uma condição: lealdade a Deus. Era simples e clara: se ele permanecesse fiel a Deus, seu trono seria estabelecido para sempre. No entanto, Salomão, no auge de seu poder e glória, permitiu que seu coração divagasse. O resultado inevitável foi vergonha, julgamento e divisão.
Assim que Salomão partiu desta vida, seu filho Roboão assumiu o trono.
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Os anciãos se aproximaram do novo rei com um pedido sensato: que ele aliviasse os pesados fardos impostos por seu pai. |
Era uma oportunidade de reconciliação, para que as tribos se unissem novamente sob um governo justo e equilibrado. Contudo, Roboão desconsiderou o conselho dos sábios e deu ouvidos aos jovens tolos que o cercavam. Motivado pelo orgulho e pela dureza de coração, ele respondeu brutalmente:
Assim que, se meu pai vos carregou de um jugo pesado, ainda eu aumentarei o vosso jugo; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões
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Este erro não foi apenas político. Foi espiritual. A divisão do reino não aconteceu por acaso, mas foi permitida por Deus como parte de Seu julgamento. |
As dez tribos do norte se separaram, formando o reino de Israel, enquanto apenas Judá e Benjamim permaneceram fiéis à linhagem de Davi, formando o reino do sul, Judá. No entanto, essa separação tinha um propósito mais profundo: preservar a tribo de Judá, da qual viria o Messias, como havia sido profetizado desde os tempos de Jacó:
O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos
– Gênesis 49:10
Roboão, no entanto, não aprendeu com os erros do pai.
Embora, por um momento, tivesse se humilhado diante de Deus e reconhecido Sua justiça, seu coração permaneceu dividido.
Ele não havia preparado sua alma para buscar a Deus sinceramente. Sua submissão era superficial, cheia de segundas intenções e falta de firmeza. Sem convicção, ele facilmente caiu na idolatria e na transgressão da Lei divina.
Esse ciclo de desobediência, orgulho e aparente religiosidade ecoa até hoje. Quantas vezes a ruína de um lar, de um líder ou de uma nação não nasceu exatamente da mesma raiz: falta de foco, falta de compromisso com a verdade e uma fé que apenas simula arrependimento? Quando não se tem um propósito claro, a tendência é desviar-se, perder o foco e colher as consequências.
A história de Roboão nos alerta sobre o perigo de decisões tomadas com base no ego, em vez da sabedoria divina. Mais do que isso, mostra que a preservação da promessa de Deus não depende da perfeição dos homens, mas de Sua fidelidade eterna.
Jeroboão: o Irritante
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Rei Jeroboão falando ao povo de Israel. Atrás dele estão seu filho Nadabe e o soldado Baasa. Mais tarde, Baasa conspirará contra Nadabe e matará toda a casa de Jeroboão. |
A história de Jeroboão é um retrato vívido do que acontece quando o medo e a ganância substituem a obediência. Escolhido por Deus para governar as dez tribos do norte de Israel, Jeroboão recebeu a promessa de um reino estável — contanto que permanecesse fiel a Ele. No entanto, em vez de confiar na Palavra de Deus, ele cedeu à insegurança e criou uma nova religião para manter o povo longe de Jerusalém, onde a adoração verdadeira era oferecida.
Ele fez dois bezerros de ouro e declarou:
Vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito
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Além de fazer os dois bezerros, Jeroboão nomeou sacerdotes que não eram levitas e instituiu festivais imitando os de Judá. |
A resposta divina não tardou a chegar. Deus enviou um profeta para denunciar aquele altar profano. Quando Jeroboão estendeu a mão contra o homem de Deus, sua mão secou instantaneamente. Foi um aviso visível. O altar estava rachado e as cinzas se espalharam, um sinal claro de que aquele culto fora rejeitado por Deus.
Após uma doença repentina atingir seu próprio filho, Jeroboão não se humilhou. Enviou sua esposa disfarçada para consultar o profeta Aías, trazendo-lhe presentes insignificantes. Tentou negociar com Deus, mas não quis se arrepender. O julgamento era inevitável: sua linhagem seria extinta, e assim aconteceu.
Seu filho Nadabe reinou por apenas dois anos antes de ser assassinado por Baasa, que exterminou toda a casa de Jeroboão, como Deus havia predito.
No entanto, Baasa repetiu os mesmos erros. Deus o havia levantado do pó, concedendo-lhe honra e autoridade, mas ele também ignorou a graça que havia recebido. Em vez de se destacar pela retidão e fidelidade, ele levou Israel a uma idolatria ainda mais profunda.
Assim como aconteceu com Jeroboão, sua casa foi destruída. Zinri, um de seus oficiais, assassinou seu filho Elá e aniquilou todos os seus descendentes.
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O reinado de Zinri, porém, durou apenas sete dias. Cercado pelo exército liderado por Onri, o usurpador viu seu fim chegar rapidamente. |
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Onri chegou e viu que Zinri havia incendiado o palácio e morrido ali mesmo, consumido por suas escolhas pecaminosas. |
A sucessão de reis no norte de Israel tornou-se uma tragédia contínua: conspirações, assassinatos, idolatria e instabilidade. Cada governante parecia repetir o padrão do anterior: esquecer de onde veio, desprezar Deus e, por fim, cair sob julgamento.
O que começa com medo e humildade pode terminar em ruína se for movido por orgulho e rebelião. Criar um sistema que parece santo, mas não se baseia na obediência à verdade, é construir um altar na areia, e o colapso é inevitável.
A história de Jeroboão e seus sucessores nos lembra que permanecer firme em Deus é uma escolha e, quando a liderança se torna corrupta, toda a nação sofre.
Abias: o Idólatra

Abias, filho de Roboão e neto de Salomão, recebeu o trono de Judá em um momento de grandes desafios espirituais. Diante dele estava a chance de reescrever a história de sua casa, corrigir os erros do passado e conduzir o povo de volta a Deus. No entanto, Abias escolheu repetir os mesmos erros de seu pai.
Seu coração não era reto diante de Deus. Não havia arrependimento genuíno nele.
No entanto, Deus não eliminou seus descendentes. Não foi por causa de Abias, mas por causa da promessa feita a Davi, seu bisavô. Davi cometeu erros, mas nunca permitiu que o trono em seu coração fosse ocupado por ninguém além dEle. Seu arrependimento era profundo, sua busca por Deus era constante e sua lealdade permaneceu viva até o fim. Por isso, seu coração foi considerado perfeito diante dEle.
A fidelidade de Davi brilhou como uma lâmpada em meio às trevas que tomaram conta de Judá após sua morte. Sua vida se tornou uma referência, um marco, uma luz que ainda iluminava o caminho.
A história de Abias nos convida a refletir pessoalmente: que tipo de história estamos escrevendo com nossas escolhas? Estamos simplesmente repetindo os erros de gerações anteriores?
Se Davi foi lembrado como um homem segundo o coração de Deus, foi porque decidiu que nenhum fracasso seria maior do que sua fé.
Onri: o Pior

Onri foi um dos reis politicamente mais influentes de Israel, mas sua influência não se baseava na obediência a Deus. Ele comprou a região montanhosa de Samaria por dois talentos de prata e ali construiu a cidade que se tornaria a nova capital do reino do norte. A base de sua liderança foi profundamente comprometida: Onri fez o que era mau aos olhos de Deus.
Seguindo os passos de Jeroboão, Onri perpetuou o sistema de idolatria e rebelião contra Deus.
A compra da região montanhosa de Samaria é emblemática: um território adquirido com prata, mas usado para propósitos que desagradavam a Deus. Onri estabeleceu uma fortaleza ali, mas espiritualmente construiu um muro entre Israel e Deus.
Asa: a Lâmpada

O rei Asa iniciou seu reinado com coragem e zelo espiritual. Inspirado pelo exemplo de Davi, promoveu uma verdadeira reforma em Judá, eliminando ídolos, derrubando altares pagãos e restaurando a adoração a Deus. Sua fidelidade foi tão grande que, mesmo diante da figura influente de sua avó Maaca — que ocupava o cargo de rainha-mãe —, Asa não hesitou em remover sua autoridade e destruir os postes-ídolos que ela havia erguido. Isso revela um coração determinado a agradar a Deus acima de tradições familiares, políticas e laços de sangue.
Deus honrou essa postura e, por meio de um profeta, encorajou Asa e o povo de Judá e Benjamim a permanecerem firmes. A promessa era clara: haveria uma recompensa para aqueles que perseverassem na obediência. Asa então experimentou paz e vitórias enquanto permaneceu fiel a Deus.
No entanto, o fim de sua jornada nos oferece um sério aviso. Com o passar do tempo e a intensificação dos conflitos com o Reino do Norte, Asa passou a confiar em estratégias humanas em vez da provisão divina. Quando ameaçado por Israel, ele preferiu fazer uma aliança com Ben-Hadade, rei da Síria, e para isso utilizou os tesouros consagrados do Templo.
Pior ainda, Asa começou a rejeitar as advertências do profeta de Deus. Ao ser confrontado, perseguiu aquele que lhe trouxera a verdade. Mais tarde, quando foi acometido por uma grave doença nos pés, não se humilhou diante de Deus, mas confiou apenas nos médicos.
Mesmo assim, as Escrituras o consideram um rei de coração perfeito, não por sua impecabilidade, mas porque viveu com integridade e sinceridade diante de Deus.
A história de Asa nos desafia a permanecer fiéis do início ao fim, especialmente nos momentos mais difíceis da vida.
Conclusão
“Reis” revela o que acontece quando a bússola moral é mantida — ou ignorada. A história desses governantes não é apenas um registro de decisões políticas, alianças e guerras, mas um retrato vívido de como o destino de uma nação, de um povo e de uma vida pode variar dependendo do grau de fidelidade aos princípios eternos.
Salomão começou com sabedoria divina, mas foi vencido por sua própria vaidade e idolatria. Roboão perdeu um reino por dar ouvidos à tolice. Jeroboão corrompeu a fé para consolidar o poder. Onri, Baasa, Zinri: todos seguiram o caminho da desobediência e se tornaram peões em uma espiral de decadência espiritual.
Em contraste, Asa se destacou por um tempo como alguém que fez a coisa certa, mesmo que eventualmente tenha cedido ao medo e à autossuficiência. Davi, mesmo quando cometeu erros, encontrou redenção ao reconhecer honestamente seus pecados. Ele não era perfeito, mas manteve seu coração voltado para Deus. Por meio dessas narrativas, vemos que, quando perdemos o foco na bondade, na justiça e na verdade, a autodestruição é inevitável. O fio condutor do destino dos reis e do povo de Israel e Judá, bem como o de cada um de nós, não é a inteligência ou o poder, mas a fidelidade à verdade, à moralidade e à justiça.
No fim das contas, a grande lição é que não se trata de quanto podemos alcançar, mas de quão firmes permanecemos na moralidade e nos bons valores. E, por acaso, Deus é o ápice desses valores.
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