
Nos últimos meses, o YouTube foi inundado com vídeos gerados por IA que, à primeira vista, parecem ser apenas “Minions”. No entanto, um olhar mais atento revela uma realidade perturbadora: esses vídeos, voltados especificamente para crianças, estão repletos de cenas grotescas, temas sombrios e elementos perturbadores.
Aviso: Este artigo contém imagens perturbadoras.
Em 2017, publiquei um artigo destacando um fenômeno preocupante: milhares de vídeos no YouTube, criados com aparências infantis e apresentando personagens famosas como Elsa, do filme “Frozen”, estavam sendo usados como isca para atrair crianças para conteúdo extremamente inapropriado. Esses vídeos apresentavam cenas de violência, sexualização e situações visivelmente traumáticas.
Internautas em fóruns como 4Chan e Reddit chamaram esse fenômeno de “Elsagate”, e a pressão pública forçou o YouTube a remover muitos desses vídeos.
No entanto, a sensação que permanece é de que a plataforma agiu apenas por obrigação, sem demonstrar qualquer preocupação real. Agora, em 2025, esse pesadelo voltou com força total e de uma forma ainda mais perversa. Vivemos em Elsagate 2.0, e seu principal combustível é a Inteligência Artificial. Esses vídeos são projetados com um objetivo claro: manter as crianças engajadas com a tela, usando o próprio algoritmo do YouTube como cúmplice.
Não estamos falando de simples “conteúdo inapropriado”. Estamos falando de vídeos que traumatizariam até mesmo adultos. Sangue, horror, temas de morte e distorções grotescas de cenários familiares são comuns. Por que isso continua acontecendo? A resposta mais superficial é dinheiro. Há enormes lucros sendo gerados com visualizações, anúncios e engajamento. No entanto, isso não explica tudo.
Seria possível lucrar com vídeos gerados por IA que sejam realmente adequados e saudáveis para crianças. A insistência em promover conteúdo perturbador indica algo mais sinistro: uma agenda oculta de dessensibilização e destruição da inocência infantil. Uma tentativa deliberada de familiarizar as crianças com a violência, a degradação e o bizarro.
Terror Infantil
Em uma primeira olhada, vídeos de Minions no YouTube parecem ser o conteúdo mais inofensivo possível. No entanto, por trás de thumbnails coloridas e hashtags como #fofo, #engraçado e #minions, está emergindo um fenômeno sombrio: uma avalanche de vídeos gerados por Inteligência Artificial que estão traumatizando emocional e psicologicamente crianças em fase de desenvolvimento.
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Um Minion parecido com um verme sai do estômago sangrento de um bebê. |
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Eles adoram transformar coisas que as crianças adoram em puro terror. É quase como se estivessem tentando propositalmente fazê-las perder a inocência. |
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Aqui está outro print do mesmo vídeo. Por algum motivo, o número da loja e do carro da polícia são 666. |
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Um vídeo começa com uma criança sendo puxada para dentro do vaso sanitário. Sim, esses vídeos contêm muitas fezes e vômito. |
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Descobrimos que foi um Minion maligno que puxou o menino para dentro do vaso. |
Um exemplo claro é o vídeo “Minion vê um ônibus MONSTRO mutante a caminho da escola!”.
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Os Minions sofrem um acidente em um ônibus escolar. |
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O ônibus se transforma em uma criatura aracnídea. |
Sim, este vídeo é voltado para bebês e crianças pequenas que andam de ônibus escolar. E sim, ele é sugerido automaticamente pelo algoritmo do YouTube.
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Isso é puro horror. Observe as hashtags #memes #minions e #roblox para atrair as crianças para esses vídeos. |
Essas cenas são tão bizarras e viscerais que mesmo adultos sentem náuseas ou mal-estar apenas vendo os prints acima. Isso acontece porque muitos deles parecem feitos para desencadear tripofobia.
Tripofobia é um termo usado para descrever a aversão ou o medo de buracos ou saliências muito próximos. Não é um transtorno mental formalmente reconhecido, mas muitas pessoas experimentam fortes reações emocionais e físicas ao se depararem com estímulos como esponjas, favos de mel ou mesmo certos padrões na natureza que se assemelham a esses aglomerados de buracos
A tripofobia é uma aversão natural a padrões que lembram doenças, buracos e infecções, algo profundamente ligado à autopreservação do corpo humano. Agora imagine o que isso faz com uma criança de dois, três, quatro anos.
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O mesmo vídeo contém uma criança sexualizada com uma camisa “Diddy Rizzler”. |
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O comentário mais curtido. |
O dicionário Collins define a palavra “rizzler” da seguinte forma:
Alguém que tem rizz (é charmoso e sedutor)
Então, a criança do vídeo usa uma camisa que diz “Diddy Sedutor”. Não tem nada de #fofo nisso.
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Uma criança é atacada na piscina por um Minion sanguinário. #engraçado |
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Um Minion é atacado por um cachorro possuído e fica com a perna esfolada. #fofo |
Isso é apenas a ponta do iceberg. Uma série infinita de vídeos semelhantes é oferecida às crianças, variando apenas no tipo de monstro, na forma da dor ou na dimensão do horror.
Corrompendo a Família
Para uma criança pequena, especialmente um bebê, a figura dos pais representa o centro do seu universo. É através do amor, da proteção e da segurança que o vínculo familiar molda a percepção do mundo. No entanto, esses vídeos de Minions retratam situações de abuso, violência e disfunção familiar.
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Uma filha descobre que o pai está traindo a mãe. |
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Após a filha contar sobre a traição, a mãe Minion pega uma faca e diz que irá cortar os testículos do marido. |
Esses vídeos, embora protagonizados por desenhos fofos, são carregados de temas sombrios e tóxicos, como pais violentos, mães psicóticas, traições conjugais e até infanticídio.
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Uma mãe Minion decide comprar coisas da Gucci em vez de pagar a cirurgia da filha, que sofre de uma doença mortal. |
Para a mente em formação de uma criança, que ainda está aprendendo o que é certo, o que é seguro e o que é amor, esses vídeos não apenas confundem, mas podem causar danos duradouros.
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Uma filha joga sua própria mãe Minion cadeirante na piscina porque ela não quis comprar coisas da Gucci. Fazer isso com um deficiente pode literalmente matá-lo afogado. |
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A filha também tranca a mãe em uma jaula. #fofo |
Não se trata apenas de violência. Há também um elemento claramente sexualizado e emocionalmente distorcido, muitas vezes inserido de forma sutil, mas inegável.
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No vídeo “O Marido de Moana foi Pego Traindo ela e Então...”, a personagem popular entre as crianças questiona seu marido Minion sobre mensagens de texto com outra mulher. |
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Como o próprio título diz, o Minion é mais tarde flagrado pela própria Moana com a melhor amiga dela. |
Ao apresentar temas de violência doméstica, desestruturação familiar, infidelidade e sexualização dentro de um contexto “infantil” e animado, os vídeos tentam naturalizar esses comportamentos na mente das crianças.
Gatos Fofos e Sonic
A controvérsia original de Elsagate baseou-se em vídeos que usavam personagens populares como Elsa de “Frozen” e o Homem-Aranha para atrair visualizações de crianças pequenas. Agora, em 2025, estamos vivendo uma versão ainda mais sombria e sofisticada desse fenômeno. Graças aos avanços em geração de imagens e vídeos por IA, tornou-se possível criar conteúdos em CGI de alta qualidade, com visuais extremamente semelhantes aos dos filmes e desenhos que as crianças já conhecem.
O funcionamento é simples e cruel: crianças procuram no YouTube por gatos, Sonic, Patrulha Canina, Elsa ou outros personagens familiares. Elas clicam em vídeos com thumbnails coloridas e títulos cativantes. No entanto, logo o conteúdo muda.
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Um bando de abelhas emerge da barriga de um gato e atacam pessoas aleatórias na cidade. Observe que o YouTube sugere que seus jovens espectadores pesquisem por “barriga de gato”, um termo que certamente os expô-los-á a vídeos mais traumáticos. |
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Uma gata grávida é assaltada na rua. |
Há vídeos de gatos que também parecem ter sido criados especificamente para expor crianças pequenas a conceitos tóxicos de desintegração familiar.
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No aclamado pela crítica “Encontre a mamãe certa!”, uma série de gatas usando roupas sensuais aparecem e, quando o pai gato diz “Sim!”, elas entram no quarto dele. Qual é o público-alvo? |
O próximo vídeo começa com um Sonic the Hedgehog normal, como visto nos filmes. Depois, vira isso.
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Um Sonic sanguinário persegue dois gatos indefesos. |
Essa transição do familiar para o grotesco é intencional. Há um padrão deliberado de subverter tudo o que é inocente e alegre, transformando personagens infantis em veículos de medo, trauma e desconforto. A diferença entre o Elsagate original e o atual está na escala e na automação. Com ferramentas de IA, milhares de vídeos são gerados automaticamente por algoritmos, em ritmo frenético.
Conclusão
Hoje, milhões de crianças acessam o YouTube com um simples toque na tela. Nesse cenário, vídeos mostram Minions perfurando barrigas ensanguentadas de crianças, Minions assassinos, uma mãe Minion cortando os testículos de seu marido infiel e gatas prenhas sendo esfaqueadas. E surge a pergunta inevitável: por que isso continua acontecendo? O YouTube consegue identificar uma frase considerada “ofensiva” em segundos. No entanto, os mesmos algoritmos são curiosamente ineficazes para detectar uma animação em que um bebê é mutilado ou um personagem infantil é transformado em um monstro satânico.
Isso não é acidente. É cumplicidade. Muitos tentam justificar esse fenômeno dizendo que esses vídeos são apenas estratégias para lucrar com cliques e publicidade infantil. No entanto, há algo mais profundo e perturbador. Se o único objetivo fosse o lucro, os mesmos personagens poderiam ser usados para criar conteúdo educativo ou engraçado. Mas não é isso que está acontecendo.
Esses vídeos são projetados para perturbar a inocência. Para semear ansiedade, normalizar traumas e causar uma erosão emocional lenta e constante. O que está sendo cultivado não é entretenimento digital, mas uma geração ansiosa, desmoralizada e espiritualmente ferida. E o mais alarmante? Nada está sendo feito.
Enquanto o YouTube fatura bilhões de dólares, milhões de crianças estão sendo expostas a conteúdo que deixaria qualquer adulto enjoado. Tudo isso com a aprovação implícita de um algoritmo que finge não ver. No entanto, a verdade está lá, visível para qualquer um.
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Não esqueça: Inteligência e Fé!
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